Conta-se que em certa região do Globo, um magnífico imperador decidiu que as crianças não deveriam mais ser reprovadas. Que o rendimento deveria ser tomado de forma que levasse em conta um sem número de ponderações, além do conceito obtido no exame tradicional, fazendo com que qualquer aluno que pelo menos assinasse alguns dos testes formais obtivesse a sua aprovação.
A avaliação de vanguarda era endossada por doutores que se diplomavam em outros reinos e que por sua reputação e pelos resultados maravilhosos obtidos nos índices de aprovação (quase 100%) eram fervorosamente seguidos e aplaudidos.
Acontece que as crianças que, a partir de então, entravam nas escolas, já sabiam que, estudando ou não, estariam aprovadas. Alguns anos depois o resultado daquela alquimia didática era uma legião de semi-alfabetizados que não sabiam ler os noticiários, pagar as suas dívidas e, é claro, haviam perdido todas as suas mínimas perspectivas de vida.
Percebamos que a mágica tinha seus encantos. Para os alunos, para os quais estudar era uma tarefa penosa e, a princípio, sem utilidade, era perfeito. Idem para os pais porque viam seus filhos serem aprovados, o que para eles era motivo de orgulho e economia. Idem para o imperador que tinha agradado a todos e, de quebra, conseguira fabricar uma geração que mal conseguia assinar o próprio nome, o que é excelente para qualquer governo autoritário.
Este local se chama município do Rio de Janeiro e, a não ser em algumas poucas escolas onde o esforço da sociedade foi grande o suficiente para liquidar a demagogia do governo, todo o resto do sistema se encontra em ruínas. Não faltam prédios e os professores ganham relativamente bem. Falta coragem...
Coragem dos pais que devem mostrar aos filhos que eles próprios antes de qualquer outra pessoa, mandam na sua educação. Coragem dos professores para mostrar aos pais o que realmente é aprender e que passar de ano não passa de uma mera formalidade, que é importante para que a escola tenha autoridade para mandar na educação. Coragem do governo para mostrar a todos que quem manda de fato precisa tomar medidas duras e que, quando todos estão satisfeitos, alguma coisa deve estar errada.
Não se pode brincar com educação. Pois é ela quem manda no destino de todos nós.