Fugiremos um pouco de alguns detalhes matemáticos muitas vezes até convenientes no dia-a-dia, mas que não farão a menor falta a este texto. A saber: Trataremos indistintamente AB como o segmento que liga o ponto A ao ponto B ou como a medida deste segmento. Trataremos de circunferência ou círculo o conjunto de todos os pontos de um plano que estão a uma distância fixa de um ponto fixo (centro). Se necessário, chamaremos de disco os pontos que estão a uma distância menor ou igual à referida distância fixa do referido ponto fixo (centro)
Problema 1
Dados três círculos concêntricos C1, C2, C3 de raios r1>r2>r3. Construa um triângulo equilátero de forma que cada uma das circunferências contenha somente um de seus vértices.
Normalmente fica mais fácil resolver os problemas de construção pensando de trás para frente. Por exemplo, suponhamos que o problema esteja resolvido (se é que ele pode ser resolvido!). |
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Rotacionando a circunferência menor em torno de A por um ângulo de 60o levaremos o ponto C ao encontro de B. Mas vejamos que o ponto B é o ponto onde a circunferência rotacionada encontra a circunferência maior... Isso nos dá uma idéia de como proceder para resolver o problema. |
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Rotacionemos C1 de 60o em torno de um ponto qualquer A em C2. Notemos que a escolha de A e de C2 é arbitrária (poderíamos muito bem ter escolhido um ponto em C3 ou em C1). Vejamos que a circunferência menor toca a maior em dois pontos P1 e P2. Isso indica que o problema tem duas soluções. Da mesma forma, as circunferências poderiam ter se tocado em um único ponto ou em nenhum ponto (caso em que o problema não teria solução).
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Mas como fazer para achar o triângulo?
Ora, uma vez que conhecemos um de seus lados (no caso, qualquer um dos segmentos AP1 ou AP2). Basta realizarmos a operação inversa dos pontos P1 e P2 (rotação de 60o no sentido horário com centro em A).As duas soluções estão na figura em azul e vermelho.
Resta agora a intrigante pergunta: estas soluções são as únicas?
Percebamos que onde quer que se encontre o vértice A sobre o círculo C2 sempre poderemos usar o raciocínio da rotação para achar os outros pontos B e C. Ora, mas sempre que fizermos a rotação, neste caso, só acharemos dois pontos de contato, logo, dois possíveis lados para o triângulo.
Suponhamos que você tenha então achado um triângulo por um outro método. Um de seus vértices deverá estar no círculo C2 (por exigência do enunciado), Logo poderemos repetir o raciocínio da rotação de C1 para achar os outros vértices. Mas aquele raciocínio para este problema só conduz a duas medidas possíveis para o lado do triângulo equilátero. Logo, o triângulo que você achou é um desses que achamos, rotacionado.
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Problema 2
Considere um ponto fixo O. Determine o lado do triângulo equilátero cujos vértices estão a distâncias iguais a 5, 7 e 8 unidades deste ponto.
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Novamente vamos considerar o problema resolvido.
Para não tumultuar o desenho, não atribuímos nomes aos segmentos OC, OA e OB que valem respectivamente 5, 7 e 8 unidades.
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Perceba que podemos traçar círculos com centro em O que passem por A, B e C. De tal forma a fazer este problema lembrar o anterior. O que fizemos foi rotacionar o círculo menor de 60o. Tentemos fazer o mesmo rotacionando o triângulo ABC e tudo que está dentro de 60o em qualquer sentido. |
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Como desejamos saber a medida do lado AC, basta olharmos para o triângulo AOC. Neste triângulo são conhecidos os lados CO, AO e o ângulo AOO'. Para descobrirmos a medida do lado AB do triângulo equilátero, é suficiente descobrir o ângulo COO'. Descobrir este ângulo é trivial, já que conhecemos as medidas dos três lados CO, OO' e CO'.
Segue que: 82=72+52-2.7.5.cos w
Obviamente fica fácil calcular o sen w. cos2w +sen2w=1
cos(w+60o)=cosw.cos 60o –senw.sen60o Ou seja,
logo, chamando de "l" o lado do triângulo equilátero procurado, teremos: l2=52+72-2.5.7.(-11/14). Ou seja, l=.
Eis o lado tão cobiçado:11,36 unidades de comprimento.
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Um aluno um pouco mais curioso poderia indagar: e se utilizássemos como centro de rotação um outro ponto. digamos B ou C. O que aconteceria?
Neste problema, especificamente, você certamente achará ângulos mais agradáveis de se trabalhar se tentar rotacionar em torno de outro ponto. Isso poderá diminuir um pouco o trabalho investido em se achar a solução, mas não muda o resultado.
Ao lado mostramos as duas outras possíveis rotações. Se você se der ao trabalho de fazer as contas verificará que o ângulo que chamamos de w muda de uma para outra.Ao final da conta, o lado achado será fatalmente o mesmo.
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